A palavra está ligada etimologicamente ao conceito de cura. Jasão descende de uma família marcada por sucessivas disputas. Esão, filho e sucessor do rei Creteu, foi despojado do trono por seu meio irmão Pélias, filho de Tiro e Posídon. Jasão foi enviado à Tessália para ser educado pelo centauro Quirón. Ao completar vinte anos, decidiu reivindicar o poder que por direito lhe pertencia. Em outra versão, Pélias recebeu interinamente o poder de Esão até que se tornasse adulto. De qualquer forma, ao completar a maioridade, o herói decidiu retornar à Iolco e quando lá chegou encontrou a cidade em festa.
O rei ao vê-lo, embora não o reconhecesse, suspeitou do estrangeiro ao lembrar-se do oráculo que havia predito sobre a ameaça que sofreria vinda de um homem de apenas uma sandália. E Jasão assim se apresentava, visto que havia perdido uma de sua sandálias durante a viagem, ao atravessar um rio de forte correnteza.
Apavorado com a previsão do oráculo e já ciente das intenções do sobrinho, resolveu eliminar o inimigo. Para tanto, incumbiu-o de capturar em longínquas terras o Velocino de Ouro . Devido ao alto grau de periculosidade, esse empreendimento praticamente significava uma condenação à morte, mas Jasão, herói por excelência, não se deteve e partiu, chefiando outros cinquenta heróis numa grandiosa nau, denominada Argos. Jasão e seus amigos enfrentaram muitos obstáculos e realizaram muitas façanhas para chegar à Cólquida. Porém lá chegando, suas dificuldades não se esgotaram, pois o rei Eetes, tão logo tomou conhecimento das intenções do chefe dos argonautas , incumbiu-o de nova bateria de árduas tarefas. Como condição para lhe entregar o Velo de Ouro, deveria domar dois touros selvagens de pesadas patas de bronze. Feito isso, o próximo passo seria atrelar o arado aos dois animais para arar a terra e semeá-la com dentes de dragão.
Da exótica semeadura, nasceriam gigantes armados os quais Jasão deveria derrotar. Contudo, nem bem haviam chegado à Cólquida, o chefe dos argonautas já tinha conquistado o coração da filha do rei e de Hécate, a princesa Medeia, famosa por suas habilidades na arte da feitiçaria que se colocou à sua disposição para ajudá-lo através de seus poderes mágicos. Para domar os touros, Medeia entregou a Jasão um bálsamo que o tornou invulnerável ao fogo e ao ferro. Uma vez preparada a terra e plantados os dentes de dragão, surgiram terríveis gigantes que avançavam em direção a Jasão. Medeia aconselhou o jovem herói a atirar-lhes algumas pedras. Os gigantes, não sabendo a procedência do ataque começaram a lutar entre si.
Somente quando muitos já haviam morrido e os poucos que restaram se encontravam extenuados pela batalha é que Jasão se apresentou para o combate exterminando os remanescentes. Surpreso com a vitória do forasteiro, Eetes descumpriu sua palavra recusando-se a entregar o Velocino de Ouro, idealizou um plano para matar Jasão e incendiar Argo. Mais uma vez o rei foi traído por Medeia que tomando conhecimento das intenções do pai, avisou Jasão do perigo que corria. Levou o herói às escondidas onde ficava guardado o precioso talismã, adormeceu o dragão com seus mágicos cantos e juntamente com Jasão, roubou o Velocino de Ouro. Em seguida, embarcou com os argonautas levando o Velo e Apsirto, filho do rei, tomado como refém.
Sentindo-se duplamente enganado, Eetes partiu pelos mares em busca de seus filhos. Medeia, sabendo da atitude do pai, matou e esquartejou impiedosamente o irmão Apsirto, lançando seus restos mortais ao mar a fim de atrasar a perseguição. Com efeito. Ao ver os restos do filho boiando, Eetes desesperado, se deteve a recolhê-los. Argo tomou distância mas acabou por se desviar da rota porque Zeus , revoltado com a natureza do crime praticado por Medeia, enviou uma borrasca que atingiu a embarcação. Era necessário purificar-se de tão hediondo crime e por isso aportaram no reino de Circe, maga que através de suas magias e encantamentos os purificou, aplacando a ira do grande deus.
Contudo, quando chegaram ao reino dos Feaces na ilha de Corcira, os argonautas se depararam com uma situação bastante desfavorável. É que Eetes, inconformado com a morte do filho e com a fuga da princesa, enviou uma nau encarregada de trazer de volta a princesa. Seus súditos pressionavam o rei Alcínoo para que este lhes entregasse a princesa tão logo esta aportasse em seu reino. Arete, a rainha, sabendo das intenções do marido de devolver Medeia caso ela fosse virgem, providenciou o casamento dos jovens às escondidas.
Pélias, ao ver chegar o chefe dos argonautas trazendo o Velocino de Ouro, recusou-se a honrar sua palavra devolvendo-lhe o trono. Encolerizado, Jasão clamava por vingança, porque além de recusar-lhe o poder sobre Iolco, o rei, aproveitando-se de sua ausência, induziu seus pais ao suicídio, e em seguida assassinou seu irmão Promaco. Mais uma vez Medeia veio em seu auxílio e para vingá-lo, fez com que as filhas do rei acreditassem ser possível devolver a juventude de seu velho pai Pélias. Iludidas pela feiticeira, elas o esquartejaram e deitaram seus membros a ferver num caldeirão. Considerados culpados de tão horrendo parricídio, Jasão e sua mulher foram banidos de Iolco e exilados em Corinto. Lá, o triste fim de Jasão se aproximava.
A gratidão é um crime imperdoável para os deuses e o herói se esqueceu de tão importante preceito quando envergonhado de Medeia a repudiou para casar-se com Creúsa, filha do rei de Corinto, Creonte. Humilhada e rejeitada pelo marido, Medeia conspirava vingança. Simulando humildade, enviou magnífico traje à rival que movida por extrema vaidade o vestiu. Imediatamente a princesa começou a consumir-se em fogo, pois nem bem o terminara de vestir, o vestido começou a arder em chamas. Creúsa gritava desesperada de dor e seu pai, apavorado, tentava inutilmente livrá-la da indumentária maldita. Juntamente com o pai, Creúsa morreu queimada. Não satisfeita, Medeia assassinou seus filhos tidos com Jasão, fugindo à seguir para Atenas.
Existem muitas versões para o final de Jasão. Na primeira delas, o herói, desesperado se suicida. Em outra, quando descansava sob a sombra de Argos, morreu esmagado pela popa do próprio navio. Há ainda outra versão segundo a qual aliou-se a Peleu e assumiu enfim o poder em Iolco.