Nasceu da união incestuosa entre Mirra e o rei de Chipre, Cíniras. Como sua mãe Cencréia se negasse a prestar-lhe culto, a deusa Afrodite lançou-lhe um castigo, despertando na filha uma violenta paixão pelo rei. Em outra versão, Mirra ou Esmirna, como também era chamada, aparece como filha de Téias, rei da Síria. Sua punição deveu-se ao fato da princesa, acometida pela hýbris, pretender igualar-se à deusa em beleza. Atormentada pelo incestuoso desejo, planejou enforcar-se mas sua aia, Hipólita, a impediu, oferecendo-se para auxiliá-la na tarefa de seduzir o rei.
Era a ocasião das festas em homenagem à Deméter , período no qual as esposas estavam impedidas de partilhar com seus maridos o leito conjugal. Valendo-se da ausência da rainha, a ama logrou introduzir Mirra nos aposentos de seu pai que, ignorando sua identidade, se uniu durante doze noites à filha. Descoberto o engodo, o rei foi tomado de intensa cólera, uma vez que mesmo involuntariamente, tinha sido cúmplice de um incesto. Jurando vingança, passou a perseguir incansavelmente a filha. Apavorada, Esmirna suplicou proteção aos deuses que a transformaram numa árvore que recebeu seu nome. Tempos depois, sua casca começou a inchar e dela nasceu Adônis.
Era uma criança de formosura inigualável, o que despertou em Afrodite, deusa da beleza e do amor, imensa afeição. Como não pudesse criá-lo entregou o menino aos cuidados de Perséfone para que esta o educasse. Tempos se passaram e Afrodite reclamou-lhe a posse mas Perséfone, já apegada ao jovem, negou-se a devolvê-lo. Instalou-se entre as deusas uma grave disputa. Foi a musa Calíope, enviada por Zeus , quem arbitrou a questão, ordenando que Adônis deveria passar quatro meses com Afrodite, outros quatro com Perséfone e o restante do ano livre.
O jovem, contudo, descobriu com a deusa do amor as delícias da paixão e por isso, dedicava à deusa não quatro, mas oito meses por ano. Ocorre que Ares , amante de Afrodite e conhecido por sua violência, ao tomar conhecimento do romance de sua amada com o belo rapaz encheu-se de ciúmes e para vingar-se, fez com que nele se desenvolvesse um especial interesse pelo perigo. Contrariando sua amada que temia por sua vida, Adônis passou a dedicar-se à caçadas perigosas, onde seus alvos favoritos eram as mais perigosas feras. Certo dia, porém, num descuido de Afrodite que sempre o seguia em suas arriscadas empreitadas visando proteger-lhe, Adônis foi mortalmente ferido por um javali. Desesperada de dor, a deusa suplicou que Zeus perpetuasse seu amor pelo rapaz. Atendida sua súplica, surgiu anêmona, flor da primavera que vive e floresce apenas durante os quatro meses dessa estação.