O Brasil não ficou de fora das feiras universais, teve intensa participação em todas, porém, a mais importante foi a de 1889, quando ainda era governado por uma monarquia, tendo recebido um intenso apoio do imperador D Pedro II. Embora este não tenha mandado uma representação oficial do Estado, enviou um comitê representativo formado por empresários e jornalistas. A intenção ao patrocinar a exposição brasileira, era a de mostrar que o pais era aberto aos emigrantes e também ao capital estrangeiro.
O pavilhão do Brasil se situava perto da Torre Eiffel, ao lado de outros países da América Latina. O pavilhão era decorado com elementos que ressaltavam as riquezas do país, mostrava que o país possuía terras ricas, porém não trabalhadas e que estavam à espera de europeus para cultivá-las e fazê-las produzir. Mostrava o país como solução para europeus insatisfeitos que tivessem disposição para trabalhar no Brasil.
O pavilhão era dividido em três andares, a parte principal tinha 400 metros quadrados e uma torre de 40 metros de altura. A “hispanidade” do pavilhão brasileiro, embora não correspondesse ao verdadeiro estilo arquitetônico nacional, refletia a visão do Brasil como integrante da América latina. Em sua decoração interna possuía doze esculturas de índios, do artista francês Gilbert, colocados sempre em pares, um homem e uma mulher, ao lado de todas as entradas do pavilhão, representavam os principais rios brasileiros (Paraná, Amazonas, São Francisco, Paraíba, Tietê e Tocantins), tal escolha de representação deveu-se ao fato dos rios serem nessa época as principais vias naturais de comunicação.
Possuía também longas bancadas onde eram colocados diversos produtos brasileiros para a exposição, tais como café, tabaco, minerais provenientes de Minas Gerais, peles, mármores, carvão de ferro, borracha, mate, algodões brutos, fibras vegetais têxteis, cereais, dentre outros produtos. Tais produtos se situavam no andar térreo para instaurar um quadro das riquezas naturais do Brasil e da fertilidade do solo para a agricultura. Também fotografias, além de gravuras e mapas, espalhavam-se pelas paredes do Pavilhão, como registro documental, com o intuito de tornar mais concretos certos aspectos do Brasil. Era o caso das fazendas de café para as quais se desejava atrair imigrantes.
No primeiro andar do pavilhão encontravam-se produtos manufatureiros feitos por indústrias nacionais, além de fios e tecidos, chapéus, sapatos e luvas, máquinas para chuveiros, aparelhos postais, entre outros produtos. No segundo andar, buscando mostrar requintes culturais, encontravam-se litografias, gravuras, livros, entre outros produtos. Era o andar que mostrava a cultura do Brasil letrado, completado com objetos da vida burguesa: malas e valises, vestuário e delicadezas em seda. Era um país erudito, iniciado nas artes, suficientemente “civilizado” para representar-se a si próprio de acordo com a ótica e as técnicas europeias.
No Brasil, a revista Ilustrada, trazia o primeiro artigo sobre a Exposição de 1889.
"Desejando sempre acompanhar os acontecimentos mais importantes da nossa época, damos hoje uma interessante gravura da Torre Eiffel, comparada com a altura das maiores construcções conhecidas. Concordamos que seria mais interessante ver o original. Já que, porém, não pode ser, contentamo-nos com esse specimen. Para nos consolarmos também é facil dar um passeio ao Corcovado e de lá passar a vista pelo panorama que d'ahi se descobre, tendo a consolação de dizer, que, se a torre Eiffel está 300 metros acima do nivel do mar, o nosso Corcovado está a 712... Mais do dobro!" (Começam a chegar... 1889: 3).
Ana Carolina Gomes, Priscilla Piccolo e Ricardo Rey