Redação enviada por estudante da escola Estadual Helena Guerra-MG
A televisão traz consequências
Minha infância foi tranquila, não tive muito acesso à televisão, por isto fui realmente criança. Brincava de bonecas, de casinha, de mamãezinha da Rua, de queimada, rouba-bandeira, era um mundo fantástico, que me deu grande oportunidade de fazer bons amigos.
Lá em casa, televisão não tinha e quando meu pai resolveu comprar, eu já estava tão viciada no meu mundinho fantástico que nem fiz caso da televisão.
Antigamente, as crianças não ficavam presas à televisão, tinham tempo para estudar, brincar e dormir. Amava minha infância, porque junto dela participei de vários campeonatos, vivenciei os momentos de alegria dos amiguinhos, quando era chegado o natal, pois, cada um deles, exibiam suas bonecas, seus carrinhos, seu joguinhos de quebra-cabeça, suas bicicleta, ah!!! Que saudade da minha inocente e bela infância. Hoje, vejo que nossos filhos, já não se ligam nesta de brinquedos para meninos ou meninas, eles querem mesmo, é viver o tempo de frente à televisão, vendo filmes de horrores, novelas onde o vilão sempre sai ganhando e os desenhos que já não trazem a mesma pureza, já não refletem o que é brincar, ao contrário, mostra cenas de violência, onde o Senhor do mal, mesmo quando vencido, volta um dia para atacar.
O que podemos esperar dos dias de hoje? Se nossos filhos descobrem tão rápido, o caminho da mentira, desrespeito e violência? Será que somos culpados, ou se a culpa é mesmo dos acontecimentos deste mundo novo, onde nada é proibido, onde os heróis são vistos como arrombadores de carros, ou os meninos fogem de casa, porque os pais se separaram, e aí vai a tecnologia, roubando das nossas crianças, a doce capacidade de viver bem a infância.
A verdade é uma só, ou cada um tenta educar seu filho, para que cedo ou tarde ele não se torne um monstro, ou ficamos silentes, e, deixamos o mundo televisivo entrar em nossas casas e destruir a mente dos nossos inocentes.
Comentários sobre a Redação
Por: Philio Terzakis *
Três coisas chamaram minha atenção:
1 – O texto foi provavelmente escrito sem planejamento porque os parágrafos estão uma bagunça só. Exemplo: o primeiro e o segundo parágrafo falam do mesmo assunto (a infância do autor), mas as ideias foram separadas. Por quê? Lembrem-se: cada parágrafo deve ter seu tópico frasal (o assunto do parágrafo).
2 – A linguagem está informal demais. Exemplo: “já não se ligam nesta de brinquedos para meninos ou meninas”. A linguagem de uma redação não deve ser pedante, mas deve-se igualmente evitar o uso de gírias, jargões e outros termos mais adequados à linguagem falada. Você não está entre amigos.
3 – O autor critica fortemente a televisão, mas não apresenta argumentos convincentes, o que transforma sua opinião em simples preconceito. No último parágrafo, afirma que crianças que assistem à TV podem se transformar em monstros. É uma afirmação forte demais e não fundamentada pelo texto.
A redação apresenta ainda um problema importante de pontuação, com excesso de vírgulas e escassez de pontos. O resultado disso são frases confusas e longas demais. Importante: na dúvida, escolham o ponto. Revisem as regras de pontuação e leiam seu texto em voz alta, para sentir onde estão as pausas.
Outra coisa: evitem parágrafos longos demais como o terceiro que, aliás, mistura dois assuntos diferentes (a infância de antigamente e a infância de hoje). Evitem também as frases longas. Duas linhas são suficientes. Não fiquem com pena de usar o ponto. Desconfiem do excesso de vírgulas.
Por último, o título: ambíguo e óbvio. Ambíguo porque diz que a televisão traz consequências, mas não especifica o teor da redação nem cria expectativa. Óbvio porque é evidente que a televisão traz consequências. O melhor é elaborar o título depois de pronta a redação, de modo a se obter mais precisão.
Caro autor, você tem informações muito legais na cachola que merecem uma melhor organização. Vamos praticar porque, embora a prática não leve à perfeição (que não existe), ajuda a escrever melhor.
* Philio Terzakis é jornalista e mestre em letras, Philio está à frente da Letra, que oferece cursos de redação e francês. Ex-repórter do Correio Braziliense, do Jornal de Brasília e do Jornal da Paraíba, morou cinco anos em Paris, onde concluiu o mestrado e trabalhou como jornalista.