[José de Alencar]
Tempo Narrativo
A obra foi escrita em 1872, mas resgata um passado de intrigas, segredos, amores e vinganças que vai de 1826, passado das personagens, a 1841, presente deles.
O tempo narrativo é cronológico, mas o narrador utiliza-se de dois planos temporais: na primeira parte da obra, temos a linearidade absoluta; na segunda parte, mescla flashbacks e revelações da primeira parte.
Os primeiros capítulos o narrador prende-se a apresentar a origem das personagens e suas ligações. Como o romance foi inicialmente publicado em folhetins, os desvendamentos posteriores dos dramas humanos ofereciam o suspense necessário para que os leitores consumissem folhetins; além disso, o recurso era bem-vindo ao Romantismo. Os antigos folhetins representavam exatamente o que as novelas da televisão representam hoje: a trama parte de certo ponto do qual o leitor/telespectador começa a acompanhá-la para esclarecer os mistérios que vão surgindo; por essa razão, a narrativa volta ao passado para explicar a origem das personagens.
Embora não se possa esperar do romance a linguagem regionalizada, Alencar tratou de colocar em evidência alguns costumes rurais da época. O princípio da simplicidade na escrita, já que a burguesia era a principal consumidora da produção literária no período; portanto, os textos deveriam ser simples e inteligíveis para aquela classe social.
Foco Narrativo
A narração do romance é feita em terceira pessoa. O narrador é onisciente; ele conhece, sabe todos os pensamentos e planos das personagens e os revela ao leitor. Entretanto, em alguns fragmentos, surge um narrador em primeira pessoa, relembrando os acontecimentos ou interrogando-os. Isso ocorre pelo fato de ter sido publicado anteriormente em folhetins, criando uma espécie de “conversa” com o leitor a fim de que o narrador pudesse emendar os assuntos.
Personagens
- Afonso, irmão de Linda e apaixonado por Berta;
- Berta, também conhecida como Til, personagem principal, descrita como "pequena, esbelta, ligeira, buliça, altruísta";
- Besita, mãe de Berta, assassinada pelo seu marido, Ribeiro;
- Brás, deficiente mental, sobrinho de Luís Galvão;
- Chico Tinguá, dono da hospedagem da estrada de Santa Bárbara, amigo de Jão Fera.
- Domingão, professor de "primeiras letras", um "mestre latagão de verbo alto e punho rijo";
- Dona Ermelinda, esposa de Luís Galvão, não conhece o passado do marido;
- Faustino, pajem de Luís Galvão, participante da trama para matar seu amo. Foi morto por Jão Fera;
- Gonçalo Suçuarana, também conhecido com Pinta, jagunço, tinha inveja da fama ameaçadora de Jão Fera. Foi morto por Jão Fera;
- Inhá Tudinha, viúva, mãe de Miguel e mãe adotiva de Berta;
- Jão Fera, também conhecido como Jão Bugre, jagunço, apaixonado por Besita (mãe de Berta) na juventude, zela por Berta à pedido de sua amada;
- Linda, filha de Luís Galvão e amiga de Berta, apaixonada por Miguel;
- Luís Galvão, pai de Linda, marido de dona Ermelinda;
- Miguel, filho de Inhá Tudinha, inicialmente apaixonado por Berta, passa a gostar de Linda à pedido de sua amada;
- Monjolo, escravo de Luís Galvão, participante da trama para matar seu amo. Foi morto por Jão Fera;
- Ribeiro, também conhecido como Barroso, marido de Besita, matou sua esposa por ciúmes;
- Zana, mucama de Besita, enlouqueceu após presenciar a morte da ama;
Características da Obra
- Trata-se de um romance Regionalista da escola literária do Romantismo, seu autor, Jose de Alencar busca mostrar a vida do Caipira do interior de São Paulo do seculo XIX, vocabulário e costumes da região, as diferenças sociais da época (escravos, capangas, pobres e ricos donos de terras).
- O Romance é ambientalizado em Campinas, interior de SP, onde ha’ o contraste entre aspectos sociais, marginalização que sofrem personagens pobres como Miguel (que para casar-se com Linda teve de ir estudar na capital). Mostra-se também um pouco do namoro da época e festas como a de São João.
- Mostra-se o ambiente dos escravos e senzala e seus conflitos como a rivalidade entre duas negras, além da marginalização consciente dos escravos como Faustino e Monjolo, os quais conspiram para a morte de Galvão.
- O Romance, publicado em 1872, segue o clima do Folhetim em que os capítulos são curtos e terminam num momento de climax. Além disso, a temática do suspense e do soturno são marcas registrados da obra, que é repleta de aventuras, momentos de tensão como quando Berta corre perigo fugindo de Porcos selvagens furiosos.
- No Livro, Berta é sempre comparada a Flor, no capitulo inicial surge uma imagem de flor bela, mas imatura; já no fim do livro (no poente do sol) a imagem da flor se repete mostrando a “Flor Interior” cheia de caridade e abnegação.
Resumo da Obra
Em um passeio pela fazenda, Berta, jovem pequena, esbelta, ligeira, buliçosa, grandes olhos, negros, boca mimosa. E Miguel que era, alto, ágil, de talhe robusto e bem conformado, encontram Jão Fera, homem de grande estatura e vigorosa compleição, que tinha fama de bandido. Após um desentendimento entre Jão Fera e Miguel ele vai embora a pedido de Berta.
Os dois amigos vão ao encontro de Linda e Afonso, irmãos gêmeos de cabelos castanhos e olhos pardos, filhos de Luís Galvão que era um bonito homem, de fisionomia inteligente e regular estatura, e de D. Ermelinda de 38 anos. Linda ama Miguel. Berta e Miguel se amam. Mas pra não fazer sofrer a amiga Linda, Berta faz de tudo para que Miguel ame Linda. E consegue.
Ficam sabendo que Luís Galvão vai fazer uma viagem para Campinas e que a mãe deles estava com mau pressentimento. Berta fica assustada, pois acha que Jão Fera está por trás disso, e parte pela floresta para evitar a emboscada. Chegando lá discute com ele que lhe tem muito amor, e consegue evitar o assassinato. Havia sido contratado por Barroso homem de cinquenta anos, uma barba ruiva e áspera, de mediana estatura e excessivamente magro. Este fica furioso ao saber que ele não cumprira o acordo. Jão fica em débito com Barroso e precisa de cinquenta mil réis para saldar a divida.
Todos gostavam muito de Berta, pois era alegre e de bom coração. Visitava constantemente Zana, uma mulher com problemas mentais.
Brás de 15 anos era feio, e descomposto em seus gestos. Tinha um ar pasmo, um olhar morno, com expressão indiferente e parva, ele também tem problemas mentais, ao sentir ciúme de Berta ele tenta matar Zana, é repreendido por Berta e se arrepende. Brás era filho de uma irmã de Luis Galvão, que morrera viúva, e por isso ele vivia na casa de seu tio. Ele dera a Berta o apelido de Til, pois quando ela lhe ensinava o abc ele achava o til do alfabeto gracioso, então o associou a Berta a quem queria muito bem.
Pelo assassinato de Aguiar, do Limoeiro, seu filho oferecera uma recompensa a quem matar o assassino JãoFera. Avisado do acontecido por Chico, Jão pede que este vá ate o filho de Aguiar do limoeiro e peça cinquentamil reis em troca Jão Fera ira a seu encontro.
Barroso e seu bando planejam provocar um incêndio na casa de Luis Galvão para matá-lo e depois apagando o incêndio Barroso pretende oferecer seus serviços à viúva e conquistá-la. Vingando assim a traição do passado, pois ficaria com a esposa daquele que manchara a honra de sua esposa Besita.
Ribeiro trocara seu nome para Barroso, tinha agora uma irrupção no rosto, Jão e Ribeiro tinham-se visto poucas vezes na época de Besita, por isso não se reconheceram quando se encontraram.
Na noite são João, Gonçalo, o pajem Faustino e Monjolo, trancam a senzala e ateiam fogo no canavial, Luis tenta apagar o fogo e agredido pelas costas por Gonçalo, Jãoo salva, e mata os três bandidos. Barroso foge.
Conforme o combinado, João se entrega ao filho de Aguiar, diz que ira pra onde ele quiser desde que ninguém toque nele, pois se isso acontecer esta desfeito o acordo e ele estará livre novamente. Os capangas tentam amarrá-lo, ele espanca todos e vai embora.
Barroso que ficara sabendo dessa prisão, volta para tentar matar Berta, Jão que estava solto novamente consegue pegá-lo e o mata de forma violenta. “Quem o visse dilacerando a vítima com as mãos transformadas em garras, pensaria que a fera de vulto humano ia devorar a presa e já palpitava com o prazer de trincar as carnes vivas do inimigo.”
Brás que presenciara tudo e como não gosta dele, leva Berta pra ver a cena. Ela foge horrorizada. Ele tenta explicar o ocorrido, ela bate-lhe no rosto. Percebendo que ela agora lhe tem asco, Jão se entrega a policia.
Luís resolve contar tudo a esposa, ela chora e decide que ele deve reconhecer Berta como filha. Contam tudo a Berta, omitindo porem as circunstancias desagradáveis, Berta sente que estão escondendo algo.
Jão foge da prisão e procura Berta, ela o faz prometer que nunca mais matara ninguém. Ele fala de Besita sua mãe e ela lhe implora que conte tudo. Ele conta.
Besita era a moça mais bonita da cidade, vivia com seu pai Guedes, Luís Galvão e Jão Fera, que eram amigos, apaixonam-se por ela, Jão achando que ela nunca o amaria abre mão desse amor para Luís, este só quer divertir-se não pretende casar-se, ela conhece Ribeiro e aceita casar-se com ele, Jão fica Furioso e se afasta deLuís. Besita casa-se com Ribeiro que desaparece logo depois do casamento, após receber um bilhete chamando-o com urgência a Itu. Alguns meses depois Besita e avisada por Zana que seu marido chegara, era noite, e no escuro ela se entrega as caricias do marido, depois descobre que não era ele e sim Luís Galvão. Jãopensa em matá-lo por isso mas ela o impede. Meses depois Luís casa-se com D. Ermelinda e nasce Berta filha de Besita. Elas vivem isoladas, moram com ela Zana que amamenta o bebe e Jão Fera, que cuida delas como um cão fiel.
Um dia Besita pede a Jão que vá a Itu comprar algumas coisas para o bebe. Durante sua ausência, aparece Ribeiro, que a acusa de traição e a estrangula, Jão chega e consegue salvar Berta, Ribeiro foge.
Nhá Tudinha, mãe de Miguel, ouve choro vindo da casa de Besita e vai ate lá, Jão conta o acontecido e ela adota Berta como sua filha. Zana enlouquece e continua morando na casa de Besita e tendo alucinações com a morte dela. Jão torna-se capanga e matador, tentando aplacar a furiosa sede de vingança que tem.
Ela o abraça e diz que ele cuidou dela e que e seu pai. Jão passa a trabalhar na terra. Luís quer que Berta vá morar com ele e sua família, ela se nega e pede que leve Miguel que ama Linda. Miguel tenta convencê-la a ir junto, mas ela recusa. “Não, Miguel. Lá todos são felizes! Meu lugar é aqui, onde todos sofrem.” Eles partem para São Paulo. Berta fica.
“Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça.”
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Referências
Travessia Poética, <http://valiteratura.blogspot.com.br/2012/09/til-jose-de-alencar-resumo-e-analise.html>
SILVA, Julie Moraes, <http://resumoscompletos.blogspot.com.br/2007/04/til-jos-de-alencar.html>
ABC da Medicina, <http://www.abcdamedicina.com.br/til-de-jose-de-alencar-resumo-caracteristicas-da-obra-personagens.html>