A síntese de texto é um tipo especial de composição que consiste em reproduzir, em poucas palavras, o que o autor expressou amplamente. Desse modo, só devem ser aproveitadas as ideias essenciais, dispensando-se tudo o que for secundário.
Procedimento:
1. Leia atentamente o texto, a fim de conhecer o assunto e assimilar as ideias principais;
2. Leia novamente o texto, sublinhando as partes mais importantes, ou anotando à parte os pontos que devem ser conservados;
3. Resuma cada parágrafo separadamente, mantendo a sequência de ideias do texto original;
4. Agora, faça seu próprio resumo, unindo os parágrafos, ou fazendo quaisquer adaptações conforme desejar;
5. Evite copiar partes do texto original. Procure exercitar seu vocabulário. Mantenha, porém, o nível de linguagem do autor;
6. Não se envolva nem participe do texto. Limite-se a sintetizá-lo.
UFPB/89. Sem copiar frases, RESUMIR, o texto abaixo:
O QUINZE
Debaixo de um juazeiro grande, todo um bando de retirantes se arranchara: uma velha, dois homens, uma mulher nova, algumas crianças.
O sol, no céu, marcava onze horas. Quando Chico Bento, com seu grupo, apontou na estrada, os homens esfolavam uma rês e as mulheres faziam ferver uma lata de querosene cheia de água, abanando o fogo com um chapéu de palha muito sujo e remendado.
Em toda a extensão da vista, nenhuma outra árvore surgia. Só aquele juazeiro, devastado e espinhento, verdejava a copa hospitaleira na desolação cor de cinza da paisagem.
Cordulina ofegava de cansaço. A Limpa-Trilho gania e parava, lambendo os pés queimados.
Os meninos choramingavam, pedindo de comer.
E Chico Bento pensava:
- Por que, em menino, a inquietação, o calor, o cansaço, sempre aparecem com o nome de fome?
- Mãe, eu queria comer... me dá um taquinho de rapadura!
- Ai, pedra do diabo! Topada desgraçada! Papai, vamos comer mais aquele povo, debaixo desse pé de pau?
O juazeiro era um só. O vaqueiro também se achou no direito de tomar seu quinhão de abrigo e de frescura.
E depois de arriar as trouxas e aliviar a burra, reparou nos vizinhos. A rês estava quase esfolada. A cabeça inchada não tinha chifres. Só dois ocos podres, mal cheirosos, donde escorria uma água purulenta.
Encostando-se ao tronco, Chico Bento se dirigiu aos esfoladores:
- De que morreu essa novilha, se não é da minha conta?
Um dos homens levantou-se, com a faca escorrendo sangue, as mãos tintas de vermelho, um fartum sangrento envolvendo-o todo:
- De mal-dos-chifres. Nós já achamos ela doente. E vamos aproveitar, mode não dar para os urubus.
Chico Bento cuspiu longe, enojado:
- E vosmecês têm coragem de comer isso? Me ripuna só de olhar...
O outro explicou calmamente:
- Faz dois dias que a gente não bota um de-comer de panela na boca...
Chico Bento alargou os braços, num grande gesto de fraternidade:
- Por isso não! Aí nas cargas eu tenho um resto de criação salgada que dá para nós. Rebolem essa porqueira pros urubus, que já é deles! Eu vou lá deixar um cristão comer bicho podre de mal, tenho um bocado no meu surrão!
Realmente a vaca já fedia, por causa da doença.
Toda descarnada, formando um grande bloco sangrento, era uma festa para os urubus vê-la, lá de cima, lá da frieza mesquinha das nuvens. E para comemorar o achado executavam no ar grandes rondas festivas, negrejando as asas pretas em espirais descendentes.
Rachel de Queiroz
MODELO
Arranchados sob um juazeiro, em meio àquela desolação, um bando de retirantes tentava aproveitar uma vaca já em estado de putrefação, para combater-lhe a fome de dois dias. Quando Chico Bento, com o seu bando, aproxima-se também em busca de abrigo e, compadecendo-se daquela situação, divide com os miseráveis o resto de alimento que trazia, deixando o animal para os urubus.