Héracles foi avisado pelo Oráculo de Delfos da necessidade de se submeter às ordens do Rei de Micenas, Euristeu, para se purificar dos crimes atrozes que praticara contra seus filhos e os dois filhos de seu irmão Íficles. O soberano por sua vez, ao temer o herói não permitia que este ultrapassasse os portais da cidade e se utilizava de Copreu, seu copeiro, como mensageiro das tarefas a serem realizadas. Ainda por temor, mandou o monarca construir um grande jarro de bronze onde poderia se esconder caso se sentisse de alguma forma ameaçado pelo filho de Alcmena.
A primeira tarefa consistia em eliminar o Leão de Neméia, terrível fera que aterrorizava os bosques da Argólida, devorando seus habitantes. O herói sabiamente fechou uma das duas saídas de seu esconderijo e após encurralar o animal, se atracou corpo a corpo com ele, já que era invencível às armas. Após estrangulá-lo, retirou-lhe as peles e a cabeça que lhes serviram respectivamente de armadura e capacete.
A Hidra de Lerna que habitava uma região homônima próxima de Argos, descendia de Tifão e de Equidna, a ninfa metade humana e metade serpente. Possuía oito cabeças que se cortadas ressurgiam novamente e mais uma central que era imortal. Além disso, com seu hálito letal, punia com a morte quem dela se aproximasse. Para eliminar hedionda criatura e realizar sua segunda tarefa, Héracles contou com a ajuda de seu sobrinho Iolau. Este ateou fogo a uma floresta vizinha para que o herói pudesse cauterizar com as árvores arrancadas em brasas as feridas resultantes do corte das cabeças, de forma que não mais voltassem a nascer. A derradeira cabeça, a imortal, foi decepada e em seguida enterrada sob um enorme rochedo.
Uma floresta da Arcádia, mais precisamente numa montanha denominada Erimanto, se localizava o esconderijo de um monstruoso javali que para dar por cumprida sua terceira tarefa, Héracles deveria apresentar vivo ao rei. Com gritos ensurdecedores, o herói fez com que o animal abandonasse seu covil e em seguida pôs-se a perseguí-lo até que, exausto, Héracles logrou colocá-lo às costas com facilidade e levá-lo para Micenas.
Seu quarto trabalho consistia em capturar a cerva de Cerinia, animal de pés de bronze e chifres de ouro que Taígete, ninfa que para fugir a perseguição de Zeus foi transformada por Ártemis em corça, havia dedicado à deusa. Como o animal corresse numa velocidade insuperável, Héracles a perseguiu incansavelmente durante um ano até que exausta, foi atingida por uma flecha quando atravessava o rio Ládon disparada pelo herói. Ferida levemente, foi levada nos ombros até o reino de Euristeu.
Às margens do lago de Estinfalo, viviam terríveis aves de rapina que se alimentavam de carne humana para sobreviver, ou ainda, segunda outra versão, atiravam suas penas de aço como se fossem dardos assassinando aqueles que por ali passassem. Para o cumprimento da quinta tarefa, qual seja eliminar terríveis monstros, o filho de Alcmena contou com o auxílio de Hefesto, que lhe forneceu castanholas de bronze que produziam barulho tamanho que espantavam as aves de seus abrigos, possibilitando a Héracles matá-las com sua flechas.
O rei de Élis, Augias possuía um enorme rebanho de bois, porém seus estábulos não eram limpos há trinta anos. Foi por isso que Euristeu enviou Héracles àquelas terras: para eliminar a sujeira ali acumulada. Logo ao chegar, o herói propôs a Augis um acordo segundo o qual o rei lhe daria uma décima parte de seus bois caso ele lograsse realizar em um único dia sua empreitada. Fechado o acordo, Héracles desviou o curso dos rios Alfeu e Peneu, que com sua correnteza limpou a região de toda a imundície. Ludibriado pelo rei que se negou a honrar o acordo, Héracles organizou uma expedição para atacar Élis que fracassou. Posteriormente, o herói reuniu novo exército e além de matar Augias, entronou seu filho Fileu que o havia auxiliado na batalha. Com a realização dessa sexta tarefa, Héracles encerrou-se a primeira série dos Trabalhos, sendo que esses todos foram executados no Peloponeso.