Desde criança sempre que assistia a transmissão televisiva das multidões extasiadas acompanhando os shows pirotécnicos ao redor do mundo na noite de réveillon, observava o encantamento dos que, pela televisão, viam os espetáculos mais famosos como os de Copacabana no Rio, Champ Elysees em Paris ou na Times Square em Nova York. Como a grande maioria sempre, desejei um dia passar um réveillon nesses lugares, mas todas as vezes que me imaginava lá, me via sem a companhia da maioria das pessoas que, ao longo de cada ano, faziam e fazem a diferença com suas presenças em minha vida.
De fato, não daria para levar todo mundo comigo, uma pena! Assim eu, em minha viagem imaginária, acabava por não realizá-la, afinal sem essas pessoas não haveria festa para mim. A contagem regressiva, as mãos entrelaçadas, as orações, os votos mútuos de paz e prosperidade, as sementes de uvas, as ondas a serem puladas, aquele doce especial da vovó que só era feito, ritualisticamente, ao final de cada ano, a lentilha, a roupa nova, enfim, tudo só tinha e tem sentido para mim quando ao meu redor, nessa hora, reencontro os olhos, as mãos e os abraços daqueles que eu amo.
Por circunstâncias de viagem já tive que passar o réveillon num desses hotéis maravilhosos, com aqueles camarões gigantes, petiscos estranhos, decoração glamorosa regada a muito champanhe e ao som de uma orquestra afinadíssima, enfim tudo perfeito, não fosse uma grande sensação de vazio que senti, pois havia uma multidão de estranhos que nada me diziam, que em nada me tocavam e nenhuma recordação trazia. Senti saudades daqueles bancos de plásticos no quintal da casa, aquela algazarra de parentes que só vemos uma vez por ano, daquele primo que você nem sabia que existia e que aparece com mulher e quatro filhos só para filar suas coxinhas, sua sidra e seu refrigerante, mas tudo bem, afinal sempre cabe mais gente na louca e maravilhosa nau chamada família.
Essas pessoas a quem amamos às vezes nos magoam, às vezes nos chateiam, mas sempre estão ali. Elas não são perfeitas, como nós também não o somos, mas ao longo dos anos e da vida compartilham conosco a experiência familiar, que é um verdadeiro laboratório de tolerância e fraternidade. Por isso, por mais simples que seja sua noite de réveillon não perca de vista o verdadeiro show de luzes que emana dos corações daqueles que estão ao seu redor.
E se você não tem ninguém, está só e sente-se abandonado pelo mundo, não esqueça que no silêncio de seu mundo íntimo, fala a voz do Autor da Vida que lhe dedica todo amor infinito que dEle emana, para lhe fazer suportar e atravessar o seu deserto pessoal.
Um ano novo de muito crescimento pessoal, cujos anseios sejam todos convertidos no desejo ardente e sincero de humildade, de paz, de simplicidade e congraçamento com os amores de sua vida, pois o resto é só paisagem para uma bela foto.
Como palestrante atua nas áreas de recursos humanos, motivacional, liderança, perspectivas da educação, relações interpessoais, desenvolvimento emocional, gestão de pessoas, serviço público, cultura de paz, entre outros.