Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neuropsiquiátrica e de desenvolvimento das mais estudadas na atualidade. Em termos gerais, a desatenção, impulsividade e hiperatividade são os sintomas de TDAH o qual, acreditava-se anteriormente, acometia apenas as crianças. Hoje já se reconhece que o Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade é uma condição crônica, que persiste na vida adulta. Entre a infância, adolescência e fase adulta há uma mudança no quadro clínico sintomatológico do TDAH e, embora a hiperatividade e a impulsividade diminuam com o passar dos anos, as dificuldades de atenção persistem ao longo do tempo.
É comum as crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade terem também um dos pais com esse problema devida ao fato dessa condição ser genética em cerca de 80% dos casos. Desde a primeira descrição desse distúrbio de atenção, no início do Século XX, essa condição clínica recebeu diversas denominações ao longo do tempo. Já foi chamada de Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Distúrbio Primário da Atenção, e Distúrbio do Déficit de Atenção com ou sem hiperatividade.
Durante muitos anos acreditou-se também que os sintomas de TDAH geralmente desaparecessem espontaneamente no final da adolescência. De fato, existe uma tendência da hiperatividade declinar com o passar dos anos, mas os sintomas de desatenção tendem a persistir. Na verdade também a hiperatividade nem sempre a desaparece, ela apenas evolui de acordo com a idade, havendo uma “domesticação” do comportamento hiperativo. O comportamento hiperativo é substituído por atitudes de estar sempre andando de um lado para outro, de fazer tudo como se estivesse com muita pressa, de não conseguir deixar as mãos paradas e assim por diante.
Neste distúrbio o déficit de atenção acarreta dificuldades de ficar concentrado, por um tempo necessário,em atividades, nas aulas, em leituras, principalmente se não tiver nenhum interesse pelas atividades desenvolvidas. É muito marcante a tendência que os pacientes com TDAH têm em fazer várias tarefas ao mesmo tempo, muito embora dificilmente as completem. São, concomitantemente, impacientes e inquietos, em constante busca de novidades e fortes emoções, como esportes radicais e outros desafios. A ousadia também pode estar presente na forma de conduzirem motos ou carros de forma perigosa, expondo-se freqüentemente a acidentes. Além disso, podem fazer uso abusivo de álcool ou drogas. Em geral os adolescentes com TDA/H procuram as drogas porque se sentem passageiramente melhor sob o efeito delas, embora sejam inadequadas como tratamento.
Em geral eles são impacientes, tomam decisões precipitadas e, muitas vezes, se arrependem daquilo que fazem impulsivamente, são também inquietos, têm dificuldade em ficar quietos e quase sempre estão procurando coisas para fazer. São extrovertidos e falantes, monopolizam as conversas e a atenção dos demais, mas, por outro lado, costumam ser péssimos ouvintes. No trabalho têm um rendimento abaixo do que seriam capazes, mudam freqüentemente de emprego, de relacionamentos e/ou de residência. São muito emotivos, têm freqüentes oscilações do humor e se irritam com facilidade.Em geral os portadores de TDAH cometem erros por puro descuido, não prestam muita atenção nos detalhes, negligencia as atividades, tanto escolares quanto laborativas.
Quanto à hiperatividade, esta se manifesta como uma espécie de reatividade psicomotora exagerada aos estímulos, uma desinibição da resposta motora, ou uma deficiência no controle da psicomotricidade. Nos adultos a hiperatividade pode ser bem menos marcante que nas crianças. Na adolescência, a hiperatividade diminui, enquanto que o déficit de atenção, a impulsividade e a desorganização permanecem como os sintomas predominantes. Os sinais da hiperatividade observados em adultos e em grau capaz de comprometer a adaptação e o desenvolvimento costumam ser os seguintes.
Em relação ao controle dos impulsos, o que parece acontecer é uma dificuldade na manutenção da inibição social e comportamental normais, uma alteração neurobiológica do autocontrole.
As características do déficit de controle dos impulsos em adultos com Distúrbio de Déficit de Atenção se apresentam da seguinte forma:
- a pessoa responde antes de ouvir a pergunta toda;
- age por impulso em relação a compras, decisões em assuntos importantes, em rompimento de relacionamentos, e por vezes se arrepende logo depois;
- apresenta reações em curto-circuito, com rápidas e passageiras explosões de raiva, tipo "pavio curto";
- dirige perigosamente;
- é de uma espontaneidade excessiva, chegando às raias da falta de tato e de cerimônia;
- é hiper-sensível à provocação, crítica ou rejeição;
- é impaciente e tem grande dificuldade de esperar;
- mostra baixa tolerância à frustração;
- não consegue se conter, reagindo mesmo quando a situação não o atinge diretamente ou quando sua reação pode prejudicá-lo;
- sofre oscilações bruscas e repentinas do humor, quase sempre de curta duração;
- tem tendência a explosões histéricas;
- tem um mau humor fácil.
Com essas características comportamentais justifica-se o estresse das famílias desses pacientes, principalmente levando-se em conta o prejuízo nas atividades escolares, ocupacionais, vocacionais e sociais. Isso sem contar, considerando o próprio paciente, os efeitos em sua auto estima geralmente rebaixada que podem levar os portadores de TDAH ao uso de álcool e de drogas ilícitas.
O diagnóstico do Distúrbio de Déficit de Atenção repousa em dois grandes aspectos: o quadro clínico, com a observação de sintomas na idade adulta, juntamente com a história de eventuais sintomas apresentados na infância. Portanto, o diagnóstico é fundamentalmente clínico.
A maioria dos pais observa pela primeira vez o excesso de atividade motora quando as crianças ainda estão engatinhando, frequentemente coincidindo com o desenvolvimento da locomoção independente, mas o transtorno é mais comumente diagnosticado pela primeira vez durante as primeiras séries escolares, quando o ajustamento à escola está comprometido.
Um traço marcante do Distúrbio de Déficit de Atenção em adultos é sua evolução cambiante e inconstante, ou seja, ao longo dos anos o quadro clínico muda sua aparência, embora em segundo plano persistam sempre os sinais da tríade mencionada (desatenção, hiperatividade e impulsividade).Na maioria dos casos observados nos contextos clínicos, o transtorno é relativamente estável durante o início da adolescência. Na maioria dos indivíduos, os sintomas atenuam-se durante o final da adolescência e idade adulta. O tratamento do TDAH é realizado com uma combinação de medicamentos sempre sob controle do médico psiquiatra (antidepressivos ou derivados da anfetamina), orientações aos pais e professores e técnicas específicas de psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental.