Filósofo francês, considerado um dos maiores representantes do ecletismo ou espiritualismo francês. Nasceu em Paris. Lecionou na Universidade de Paris e na Escola Normal Superior. Em 1817, viajou pela Alemanha, travando contato com Schelling e Hegel. Em 1821, deixou de lecionar, devido a uma acusação de liberalismo. Posteriormente, foi reintegrado ao ensino superior. Sob o regime da Restauração, ocupou vários cargos importantes: par de França, diretor da Escola Normal, reitor da Universidade de Paris e ministro da Instrução Pública.
Seu pensamento exerceu a primazia no ensino filosófico francês durante este período, sendo adotado como a filosofia oficial deste país. Com a queda da monarquia constitucional, em 1848, a filosofia de Cousin perdeu este papel formador. Faleceu em Cannes. A maior parte de suas obras consiste em cursos ministrados ao longo de sua carreira docente. Alguns de seus títulos: Primeiros ensaios de filosofia; Do verdadeiro, do belo e do bem; Filosofia sensualista; Filosofia escocesa; Filosofia de Kant; Introdução à história da filosofia ; Fragmentos filosóficos; Sobre a metafísica de Aristóteles; Estudos sobre Pascal.
O pensamento de Cousin se autodenomina eclético porque pretende descobrir e afirmar a parcela de verdade contida em todos os sistemas filosóficos.
Cousin realiza vários estudos concernentes à história da filosofia, e termina por compreendê-la como a sucessão de quatro correntes principais: sensualismo, idealismo, ceticismo e misticismo. A cada uma destas doutrinas, é preciso reconhecer seu valor e, simultaneamente, apontar seu caráter de parcialidade. O sensualismo descobre a experiência sensível como fundamento da realidade; contudo, ela pretende reduzir todo real a esta única dimensão.
O idealismo aponta para o sujeito como fonte da realidade; ao indicar esta nova dimensão, porém, ele renega a experiência sensível, incorrendo, assim, no mesmo erro cometido pela primeira corrente analisada. Por sua vez, o ceticismo refuta as posições anteriores como dogmáticas; mas, não compreendendo a verdade parcial contida nestas posições, acaba por negá-las integralmente, incorrendo, deste modo, igualmente, em dogmatismo.
O misticismo consiste no escape aos erros precedentes, por situar-se aquém de toda análise; o que este pretende é consagrar-se como expressão da espontaneidade. Estas quatro doutrinas constituem quatro modalidades de apresentação do espírito. Contudo, este se realiza na história ao modo de retornos cíclicos. A verdade se apresenta, na história, disseminada por tais formas de pensamento, como um percurso necessário, que se repete indefinidamente.
Alguns dos principais adeptos da filosofia de Victor Cousin: Jules Simon, Émile Saisset, B. Hauréau, Francisque Bouillier, Charles de Rémusat.