A carta é uma modalidade redacional livre, pois nela podem aparecer a narração, a descrição, a reflexão ou o parecer dissertativo. O que determina a abordagem, a linguagem e os aspectos formais de uma carta é o fim a que ela se destina: um amigo, um negócio, um interesse pessoal, um ente amado, um familiar, um seção de jornal ou revista.
A estética da carta varia consoante a finalidade. Se o destinatário é um órgão do governo, a carta deve observar procedimentos formais como a disposição da data,do vocativo (nome, cargo ou título do destinatário), do remetente e a assinatura.
No caso das correspondências comercial e oficial - textos jurídicos, muitas vezes feita de jargões e expressões de uso comum ao contexto que lhes é próprio.
Quando um exame vestibular surge uma carta como proposta, o aspecto formal, bem como a abertura e o fechamento do texto segundo o jargão, são irrelevantes, pois o que prevalece é o conteúdo e a linguagem.
No modelo que se segue, temos uma proposta da Unicamp e a carta que a desenvolve.
Enunciando:
Suponha que você encontre no arquivo municipal de uma cidade mineira, uma caixa contendo documentos inéditos relacionados com a atividade de uma imprensa clandestina, que teria funcionado entre 1780 e 1789, em oposição a política à metrópole portuguesa no Brasil.
Suponha, também, que você se interesse por esses documentos e queira desenvolver uma pesquisa sobre o assunto.
Escreva uma carta ao Direto de uma entidade incentivadora de pesquisa, contando sua descoberta, expondo o interesse que ela tem enquanto objeto de estudo, comentando as principais questões a que você procurará responder na sua investigação, se possível, antecipando alguns dos eventuais resultados.
Nesse modelo, observe que o 1º parágrafo introduz objetivamente o assunto, esclarecendo a finalidade da carta; 2º parágrafo explica a descoberta; 3º e 4º parágrafos expõem o interesse do achado enquanto objeto de estudo, antecipando eventuais resultados. O fecho da carta reitera a disposição para pesquisa por parte do emissor.
Ilmo. Sr. [destinatário]
Diretor do Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa - CNPq [destinatário]
NESTA [destinatário]
Prezado Senhor, [Vocativo]
Venho solicitar do Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa - CNPq - informações referente à concessão de subsídios para desenvolver um projeto de pesquisa sobre o valor histórico de publicações clandestinas do século XVIII, encontradas em Minas Gerais. [Introdução: breve exposição do assunto]
Trata-se de uma coletânea de periódicos inéditos que obtive consultando o arquivo municipal de Congonhas do Campo, os quais atestam a existência de uma imprensa marginal cujos panfletos teriam circulado nas cidades de Vila Rica, Mariana, Sabará e São João Del Rei, entre 1780 e 1789. [Relato da descoberta]
O Estudo desse material permitirá reconstituir fatos Conjuração Mineira não revelados nos autos da devassa, nem registrados pela historiografia oficial, além de avaliar o caráter emancipacionista que norteou os ideais políticos-libertários do inconfidentes.
Caberia também a essa investigação apurar a importância desses documentos usados pelos conjurados para indispor a população das cidades mineiras contra abusos da metrópole portuguesa no Brasil. [Proposta da pesquisa e antecipação do eventuais resultados]
Assim, gostaria de inteirar-me sobre o interesse do CNPq em subvencionar esse trabalho, pois tenha a intenção de atuar como pesquisadora. Desde já grata, aguardo oportuna resposta. [fecho]
Exercício
"... em tal maneira é graciosa, que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente." (Pero Vaz de Caminha)
Imagine-se na missão de Pero Vaz de Caminha, tendo que escrever ao Rei D. Manuel sobre o Descobrimento do Brasil e construa um texto descrevendo o Brasil de hoje (sua paisagem, o povo, os aspectos sócio-culturais, políticos e econômicos).