A partir de abril de 1821, o Brasil passou a ser governado pelo príncipe D. Pedro, na condição de regente.
Essa situação só seria alterada com a proclamação da independência, no dia de setembro 1822.
Durante a regência de D. Pedro, revelava-se cada vez mais o caráter recolonizador das Cortes portuguesas, pois, durante o ano de 1821, avolumaram-se medidas do governo português visando à recondução do Brasil à antiga condição. Isso implicaria, evidentemente, anulação de todas as melhorias introduzidas por D. João quando da sua permanência no Brasil, o que para a aristocracia rural era um retrocesso.
Além de medidas como a de 24/04/1821, declarando independentes do Rio de Janeiro e diretamente subordinadas a Lisboa todas as províncias do Brasil, ou ainda a de 29 de setembro do mesmo ano, invalidando as decisões dos tribunais brasileiros e anulando, assim, a autonomia jurídica do então Vice-Reino, provocaram uma maior reação por parte da aristocracia rural as determinações aqui chegadas, em 9 de dezembro de 1821, exigindo a volta do príncipe D. Pedro para Portugal.
Essa pretensão despertou uma reação dos representantes da elite agrária, resultando no Dia do Fico (9/1/1822). Inspirado por José Clemente Pereira, com uma hábil manobra, D. Pedro desobedeceu às ordens das Cortes e do pai, permanecendo no Brasil e, assim, alimentando um sintoma de ruptura definitiva.
Assumindo o partido dos brasileiros, o príncipe anulou as reações militares dos portugueses, comandados pelo general Avilez, ao mesmo tempo em que substituía o demissionário ministério português por um ministério composto só de brasileiros, chefiado por José Bonifácio (11/1/1822).
O ministério de Bonifácio, por meio de uma série de atos, como o do Cumpra-se (abril de 1822) e a convocação de uma Assembléia Legislativa e Constituinte (junho de 1822), anulou as pretensões portuguesas, preparando o caminho para a independência.
Procurando manter a unidade nacional e afastar os grupos mais radicais, de tendências populares, temendo o exemplo da América Espanhola, os políticos da aristocracia rural dirigiram habilmente o processo emancipacionista do Brasil, evitando o recuo (a recolonização) e ao mesmo tempo a revolução (preconizada pelos liberais mais exaltados). Esse fato revela as inevitáveis divergências entre os políticos da aristocracia rural, organizados na maçonaria e divididos nas posições da imprensa.
O rompimento político com Portugal, visível durante o ano de 1822, só seria oficializado em 7 de setembro, com o "Grito do Ipiranga". Sem alterações mais profundas na sua estrutura socioeconômica, o Brasil Reino Unido evoluía para uma Monarquia imperial, tendo à frente o próprio príncipe D. Pedro.