As plantas desenvolveram curiosas estratégias para se dispersarem pelas diferentes regiões. Estas estratégias serviram para compensar o fato de não se locomoverem, conquistando os diversos ambientes dentro de um plano quase casual de dispersão. Entre estas estratégias destaca-se a existência do fruto como meio de favorecer esta dispersão: um animal faminto devora o fruto, engole as sementes, que se protegem dos sucos digestivos e, após um certo tempo, são liberados com o bolo fecal, já lhe servindo de adubo nas fases iniciais da vida. Esta estratégia rendeu às plantas que a adotaram um fantástico sucesso evolutivo, constituindo-se o mais importante grupo de vegetais da atualidade: as Angiospermas (do grego: Angio = vaso, urna; spermae = semente).
Outras estratégias que merecem destaque são os frutos com deiscência explosiva, como o da mamoneira (Ricinus communis L.), por exemplo. A mamoneira chega a arremessar sua semente até dez metros, se não encontrar barreiras físicas que a impeçam.
O carrapicho (Triumphetta sp.) apresenta estruturas no seu fruto que fixam-no nos pêlos e penas dos animais, que os transportam de “carona”, por até centenas de quilômetros, expandindo suas fronteiras de distribuição.
Outros frutos apresentam-se originalmente aerodinâmicos como os das plantas do gênero Triplaris que apresentam três projeções no ápice do fruto que funcionam como as hélices de um helicóptero. Ao invés de frutos, outros vegetais apresentam sementes singularmente aerodinâmicas como as do tinguí (Magonia glabrata), do pereiro (Aspidosperma sp.), do ipê (Tabebuia sp.) ou com a sutileza e leveza de uma pluma como a flor-do-ciúme (Calotropia procera).
Estes exemplos, das observações de plantas que compõem a riqueza do ecossistema dos Cerrados no Brasil, são as provas incontestáveis da mão divina da criação, que incorpora um quê de fantástico nesta maravilhosa aventura pela vida.
