Com Luís de Montalvor, fundou a revista "Orfeu", que adotava como nomes tutelares Camilo Pessanha, Verlaine e Malharmé, de um lado, e de outro, Walt Whitman, Marinetti e Picasso. Participou da Semana de Arte Moderna, tendo declamado no palco do Teatro Municipal, além dos seus versos de Manuel Bandeira e de Ribeiro Couto. O poeta dedicou-se ao ensaísmo, à crítica, aos estudos de história da literatura e dos problemas brasileiros, estéticos e políticos.
Simbolista e parnasiano, nos primeiros livros, e modernista nos subsequentes, deixou em todos a marca da cor, da luminosidade fulgurante, realizando uma poesia gráfica e nítida. Andrade Murici classificou-o como um humanista da boa tradição greco-latina. Espírito da renascença fecundado por um tropicalismo verbal, escreveu ora poemas concisos e diretos, ora peças plenas de fôrça, dinamismo e efusão que desbordavam pelo retórico e pelo grandiloquente.
Assim são os "Epigramas Irônicos e Sentimentais" e "Tôda a América", os livros mais expressivos de sua obra poética moderna. Nesta última obra, de versos amplos, de ritmos libérrimos, e de acentos que remontam a Walt Whitman e Verhaeren, vale-se de um "sincretismo poderoso em que a América surge como um mundo de energias virgens e crepidantes" - na frase de Tristão de Ataíde.
Há, em "Tôda a América" uma "pululação de metáforas e um paroxismo que faz pensar nas pulsações da febre", repara Agripino Grieco. Observe-se, no entanto, que a nota pan-americana de Ronald de Carvalho corresponde a uma transposição ao plano continental do espírito nacionalista da "Poesia Pau Brasil", inventada por Oswald de Andrade, e cujos versos, ao contrário dos do cantor carioca, vinham caracterizados pela síntese e pela secura da linguagem.
Em Ronald havia o predomínio da inteligência sobre a emoção. Sob o signo do cálculo, compôs seus versos. Daí praticar "uma poesia de supercivilizado", como acertadamente registra Vinícius de Morais.