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O sistema climático tropical e o fenômeno ENSO (El Niño)

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O sistema climático tropical abrange a região próxima aos trópicos de Câncer e de Capricórnio. Podemos dividi-lo em dois tipos diferentes: o clima tropical úmido e o clima tropical seco. O clima tropical é uma espécie de faixa de transição entre o clima equatorial, excessivamente úmido devido à alta pluviosidade, e o clima desértico, excessivamente seco. Por isso, ele apresenta intensas variações em suas características.

Em algumas regiões, o clima tropical apresenta estações bastante equilibradas quanto á distribuição das chuvas, porém à medida que vai se aproximando dos trópicos a estação seca tende a aumentar, caracterizando o clima tropical seco, quando a estação seca é mais prolongada que a estação úmida. Se ocorrer o contrário, a estação úmida superar a seca, então o clima é caracterizado como tropical úmido.

As regiões que compreendem o clima tropical são a partes da América do Sul (incluindo grande parte do território brasileiro), África Oriental e parte da África do Sul, Sul da Ásia (Índia e Indochina), onde o clima tropical é condicionado pelas monções, e Norte da Austrália.

O clima tropical é caracterizado pelas temperaturas elevadas, em média 20ºC, e com uma amplitude que não ultrapassa os 10ºC. Os verões são quentes e úmidos e os invernos costumam registrar temperaturas menores e queda no índice de precipitação.

Clima tropical húmido

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O clima tropical húmido apresenta temperaturas sempre elevadas ao longo do ano. A temperatura média anual é por volta dos 27º C. Tem amplitude térmica anual muito baixa, embora ligeiramente superior a do clima equatorial. As precipitações são abundantes embora distribuídas irregularmente ao longo do ano. Chove muito numa época do ano (estação húmida ou das chuvas) e pouco na outra (estação seca). O número de meses húmidos é superior ao número de meses secos.

Este clima apresenta um regime térmico mais irregular relativamente ao clima equatorial. No entanto, pode ainda ser considerado regular, pelo menos na maior parte dos casos. A temperatura é sempre elevada ao longo do ano e a amplitude térmica é relativamente baixa. Estes climas podem ser muito semelhantes aos climas equatoriais. Contudo, já apresentam meses secos (no máximo três ou quatro).

O regime pluviométrico deste clima é irregular, pois há duas estações do ano bem marcadas: uma estação seca e uma estação húmida. Nos climas tropicais húmidos a estação seca é mais curta que a estação húmida. Neste caso, a estação seca tem três ou quatro meses (Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro) e nos restantes a quantidade de precipitação é muito elevada.

Clima tropical seco

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O clima tropical seco localiza-se nas regiões envolventes aos desertos quentes, cobrindo extensas áreas da América do Norte, da América do Sul, de África, da Ásia central e meridional e da Austrália.

O regime térmico é mais irregular do que no caso dos climas tropicais húmidos. Apresenta períodos muito mais quentes (com temperaturas médias acima dos 30ºC) e, na estação húmida a temperatura tem tendência a ser mais baixa, embora raramente passe abaixo dos 20ºC. A amplitude térmica anual é, por isso, mais elevada, mas ainda considerada baixa.

O regime térmico é muito irregular, pois as duas estações (seca e chuvosa) estão muito bem marcadas no tempo. Na estação chuvosa (neste caso a mais curta) a quantidade de precipitação mensal é muito elevada, enquanto que nos meses da estação seca que é a mais longa, a precipitação pode ser nula. A vegetação dominante neste clima é a savana, caracterizada pela riqueza e diversidade animal. Perto dos desertos, domina uma erva extremamente seca e as árvores escasseiam.

ENSO (El Niño/Oscilação Sul).

El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta. Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura. A figura abaixo mostra a situação observada em dezembro de 1997, no pico do fenômeno El Niño 1997/98.

El Niño

Anomalia de temperatura da superfície do mar em dezembro de 1998 mostrada na figura acima. Os tons avermelhados indicam regiões com valores acima da média e os tons azulados as regiões com valores abaixo da média climatológica. Pode-se notar a região no Pacífico Central e Oriental com valores positivos, indicando a presença do El Niño. Dados cedidos gentilmente pelo Dr. John Janowiak - CPC/NCEP/NWS/NOAA-EUA.

Efeitos do El Niño no Brasil

No Brasil a variação no volume de chuvas depende de cada região e da intensidade do fenômeno. A temperatura aumenta na maioria das regiões.

  • Região Norte e Nordeste: iminuição de chuvas causando secas, se agrava a situação no Sertão nordestino e aumentam as chances de incêndios florestais na Amazônia;
  • Região Sudeste: Aumento da temperatura média;
  • Região Sul: Aumento da temperatura média e da precipitação, principalmente na primavera e no período entre Maio e Julho.

O que é o El Niño-Oscilação Sul (ENOS)?

Talvez a melhor maneira de se referir ao fenômeno El Ninõ seja pelo uso da terminologia mais técnica, que inclui as caraterísticas oceanicas-atmosféricas, associadas ao aquecimento anormal do oceano Pacifico tropical. O ENOS, ou El Niño Oscilação Sul representa de forma mais genérica um fenômeno de interação atmosfera-oceano, associado a alterações dos padrões normais da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alísios na região do Pacífico Equatorial, entre a Costa Peruana e no Pacifico oeste próximo à Austrália.

Além de índices baseados nos valores da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacifico equatorial, o fenômeno ENOS pode ser também quantificado pelo Índice de Oscilação Sul (IOS). Este índice representa a diferença entre a pressão ao nível do mar entre o Pacifico Central (Taiti) e o Pacifico do Oeste (Darwin/Austrália). Esse índice está relacionado com as mudanças na circulação atmosférica nos níveis baixos da atmosfera, conseqüência do aquecimento/resfriamento das águas superficiais na região. Valores negativos e positivos da IOS são indicadores da ocorrência do El Niño e La Niña respectivamente.

La Niña

O termo La Niña ("a menina", em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo ("o velho", em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño, porém como El Niño se refere ao menino Jesus, anti-El Niño seria então o Diabo e portanto, esse termo é pouco utilizado. O termo mais utilizado hoje é: La Niña

La Niña

Anomalia de temperatura da superfície do mar em dezembro de 1988. Plotados somente as anomalias negativas menores que -1ºC. Dados cedidos gentilmente pelo Dr. John Janowiak - CPC/NCEP/NWS/NOAA-EUA.

O fenômeno La Niña, que é oposto ao El Niño, corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental formando uma “piscina de águas frias” nesse oceano. À semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade do que este, trata-se de um fenômeno natural que produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o comportamento climático. Nele, os ventos alísios mostram-se mais intensos que o habitual (média climatológica) e as águas mais frias, que caracterizam o fenômeno, estendem-se numa faixa de largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do Equador desde a costa peruana até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central. Observa-se, ainda, uma intensificação da pressão atmosférica no Pacífico Central e Oriental em relação à pressão no Pacífico Ocidental.

Efeitos do La Niña no Brasil

  • Temperaturas próximas da média climatológica ou ligeiramente abaixo da média sobre a Região Sudeste, durante o inverno;
  • Chegada das frentes frias até a Região Nordeste, principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas;
  • Tendência às chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia; Possibilidade de chuvas acima da média sobre a região semi-árida do Nordeste do Brasil;
  • Chuvas muito acima da média no leste dos estados da Região Sul, estiagem no Oeste destes estados e no Paraguai;

Em geral, um episódio La Niña começa a desenvolver-se em um certo ano, atinge sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a dissipar-se em meados do ano seguinte. Ele pode, no entanto, durar até dois anos. Sua intensidade é tão forte que os episódios La Niña permitem, algumas vezes, a chegada de frentes frias até à Região Nordeste notadamente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas, e na Região Norte principalmente Rondônia e Acre.

Algumas observações:

  • Evento de El Niño e La Niña tem uma tendência a se alternar cada 3-7 anos. Porém, de um evento ao seguinte o intervalo pode mudar de 1 a 10 anos;
  • As intensidades dos eventos variam bastante de caso a caso. O El Niño mais intenso desde a existência de "observações" de TSM ocorreu em 1982-83 e 1997-98.
  • Algumas vezes, os eventos El Niño e La Niña tendem a ser intercalado por condições normais. Como funciona a atmosfera durante uma situação normal e durante uma situação de El Niño?: El Niño resulta de uma interação entre a superfície do mar e a baixa atmosfera sobre o Oceano Pacifico tropical. O inicio e fim do El Niño e determinado pela dinâmica do sistema oceano-atmosfera, e uma explicação física do processo é complicada Para que o leitor possa entender um pouco sobre isso, propõe-se um "modelinho simples", extraído do livro El Niño e Você, de Gilvan Sampaio de Oliveira.

Experimento

El Niño e você

1) Imagine uma piscina (obviamente com água dentro), num dia ensolarado;
2) Coloque numa das bordas da piscina um grande ventilador, de modo que este seja da largura da piscina;
3) Ligue o ventilador;
4) O vento irá gerar turbulência na água da piscina;
5) Com o passar do tempo, você observará um represamento da água no lado da piscina oposto ao ventilador e até um desnível, ou seja, o nível da água próximo ao ventilador será menor que do lado oposto a ele, e isto ocorre pois o vento está "empurrando" as águas quentes superficiais para o outro lado, expondo águas mais frias das partes mais profundas da piscina.

Refêrencias

Geografia 8 <http://geografia8.blogspot.com.br/2011/11/o-clima-tropical-humido.html>
OLIVEIRA, Gilvan Sampaio. O El Niño e Você - o fenômeno climático