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Diminutivo sob suspeita

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[José Augusto Carvalho]

É antiga a desconfiança de que “–zinho” seja um falso sufixo. A muito em seus estudos gramaticais, os linguistas e autores de gramáticas desconfiam que o afixo - morfemas gramaticais que se acrescentam ao radical ou a palavra, atribuindo-lhe uma ideia acessória ou modificando-lhe o sentido (Faraco/Moura) - chamado de sufixo “-zinho” seja um falso sufixo – é o afixo colocado depois do radical, do tema,ou da palavra, atribuindo-lhe uma ideia acessória(Faraco/Moura). Entre as explicações uma merece destaque.

“O sufixo “-zinho” é ALOMORFE, uma variação formal do sufixo “-inho”. Segundo Domingos Paschoal Cegalla, “‘-zinho’ é um sufixo nominal – que formam substantivos e adjetivos – diminutivo, podendo expressar afetividade.”

Outras gramáticas ensinam que “-zinho” é apenas o sufixo “-inho” com uma consoante de ligação, aquela que se apõe entre a palavra primitiva e o sufixo, para facilitar a pronúncia. Por exemplo: na junção de “rua” mais “-inho” temos “rua-z-inha”, esse “–z-” é uma consoante de ligação.
Pois não existe “ruainha”. Mas, no caso de proparoxítonas, terminações em sílaba nasal, ditongos, hiatos e ainda vogais tônicas. Recebe o ”– Zinho”, como: “bauzinho”,ruazinha”, “cafezinho”. Mas, se a palavra terminar em “-s” ou “-z” seguida de vogal: usa-se o “-inho”; como em “paizinho”; “rapazinho”; princesinha”; “rosinha”; “belezinha”.

Cegalla afirma que devemos classificar como anômalos os plurais: “pastorinhos”, “papelinhos”, “florinhas”, “colherinhas”. (correntes na linguagem popular).

Na forma erudita (Defensores do ”-zinho”) retira-se o “-s-” final do plural e acrescenta-se o sufixo diminutivo “-zinho”. Como se vê em: “pãe(s)”+(-zinhos)” – “Pãezinhos”, “animai(s)”+(-zinhos)” – “Animaizinhos”, “botõe(s)”+(-zinhos)” – “Botõezinhos”, “chapéu(s)”+(-zinhos)” – “Chapeuzinhos”, “tren(s)”+(-zinhos)” – “Trenzinhos”, “colhere(s)”+(-zinhos)” – “Colherezinhas”, “pé(s)”+(-zinhos)” – “Pezinhos”/”Pezitos”, “papéi(s)”+(-zinhos)” – “Papeizinhos”.

Com isso, retirando a palavra do plural, passa a receber sufixo. Na Língua Portuguesa a flexão interna só ocorre por alternação de vocálica, como em: “pôde - ô” – “pode - ó”; “sogro - ô” – ‘sogra - ó”; “ovo - ô” – “ovos - ó”.

Carvalho cita:

“o caso de “quaisquer”, formado de “qual”, pronome, e “quer”, verbo. Plural de “qualquer” parece exceção porque se escreve numa palavra só. Por isso, ou consideramos “-zinho” um adjetivo preso ao substantivo em “flores – zinhas” e “papeis – zinhos”, ou é um sufixóide.”

Para o linguísta Português Herculano de Carvalho, “-zinho”, nesse caso, é um sufixóide. Para ele ““SUFIXÓIDE”, são elementos que embora análogos aos sufixos, por alguma ou algumas de suas propriedades não cabem inteiramente dentro dessa categoria.”

A tese é apoiada por Celso Cunha, Lindley Cintra, Mário Barreto, Manuel Bernardes e Antônio Feliciano de Castilho. Formas como “-mente”, “-zinho”, “-zito”, são sem dúvida sufixóides, enquanto formas como “maxi-”, “micro-”, “mini-”, são prefixóides.

Eles afirmam esse fenômeno está presente fortemente nas palavras: “ladrôeszinhos”, “gibôeszinhos”, “murmuraçõeszinhas”. Para o autor, José Augusto Carvalho, “Normalmente quando se acrescenta um sufixo a um radical de uma palavra em português, a vogal temática e a desinência são suprimidas, mas na formação dos advérbios de modo, é a palavra flexionada no feminino que recebe o sufixo, o que caracteriza “-mente” como um sufixóide. Como SUFIXÓIDE, “-MENTE” TEM UMA PARTICULARIDADE QUE O DISTINGUE DOS SUFIXOS: ELE PODE SER SUPRIMIDO NUMA SEQUÊNCIA DE ADVÉRBIOS DE MODO COORDENADOS E SER ACRESCENTADO APENAS NO ÚLTIMO DELES”.

Ele a ama apaixonada, louca e teimosamente.”

Por

Ele a ama apaixonadamente, loucamente e teimosamente.

É preciso estudo, que os reprodutores de gramática estejam atentos aos elementos linguísticos presentes, no mínimo em uma sala de aula esse conteúdo daria uma boa reflexão e pesquisa.

CARVALHO, José Augusto. Diminutivo sob suspeita é antiga a desconfiança de que “-zinho” seja um falso sufixo. Revista Língua Portuguesa. ANO II, N° 16, 2007. Páginas de 42 a 43 – Coluna Dever de Casa. Dr. Letras pela USP. (www.revistalingua.com.br).