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Pau-Brasil

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por:

[Oswald de Andrade]

I- Autor:

José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, em 1890. Fez seus primeiros estudos no Ginásio de São Bento, e formou-se em Direito, em 1919. Ao retornar da Europa, trouxe para o Brasil as ideias futuristas de Marinetti. Revolucionário acima de tudo, procurou sempre agitar o meio artístico, defendendo os propósitos inovadores da pintura expressionista de Anita Malfatti. Participou intensamente da Semana de Arte Moderna e, em 1925, lançou o volume de poesias Pau-Brasil, com o qual inaugurou o grupo modernista do mesmo nome. Dois anos depois, fez germinar o movimento "Antropofágico, fundando nessa época a "Revista de Antropofagia".

Oswald de Andrade é um dos maiores espíritos do Modernismo brasileiro. Participa ativamente do movimento, atuando sobre o desenrolar dos fatos, e contaminando seus contemporâneos com o entusiasmo vibrante, às vezes irreverente, o que leva a dizer:"Oswald de Andrade é um anti-acadêmico até o cerne, viveu o escândalo pelo prazer de escandalizar".

II- Manifesto da Poesia Pau-Brasil

O manifesto escrito por Oswald de Andrade foi inicialmente publicado no jornal Correio da Manhã, edição de 18 de março de 1924: no ano seguinte, uma forma reduzida e alterada do manifesto abria o livro de poesias Pau-Brasil. No manifesto e no livro Pau-Brasil [ilustrado por Tarsila do Amaral], Oswald propõe uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil. Ou, como afirma Paulo Prado ao prefaciar o livro:

"Oswaldo de Andrade, numa viagem a Paris, do alto de um atelier da Face Clichê - umbigo do mundo - descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta à pátria confirmou, no encantamento das descobertas manuelinas, a revelação surpreendente de que o Brasil existia. Esse fato, de que alguns já desconfiavam, abriu seus olhos à visão radiosa de um mundo novo, inexplorado e misterioso. Estava criada a poesia" pau-brasil "."

III- Obra:

Por que, em 1925, foi editado em Paris um livro de poesia denominado Pau-Brasil? A resposta foi dada de imediato por Paulo Prado, no prefácio dessa mesma edição: "Oswald de Andrade, numa viagem a Paris, do alto de um atelier da Place Clich - umbigo do mundo - descobriu, deslumbrado, a sua própria terra". De fato, a distância despertou sua consciência de brasilidade, dando lugar a uma poesia renovadora: a poesia pau-brasil. A designação pau-brasil provém da árvore que, na época colonial, foi um dos nossos primeiros produtos de exportação, graças às suas propriedades corantes. Partindo desse pressuposto, Oswald cria aquilo que ele chamaria de "poesia de exportação."

O projeto visava a um desligamento dos modelos poéticos importados do século passado, pondo um fim à grandiloquência e à seriedade. Propunha, assim, a utilização de técnicas europeias de vanguarda, para dar vazão à temática brasileira.

Essa visão renovadora do elemento nacional realiza-se de vários modos. Em primeiro lugar, há a proposta de escrever, sob forma poética, a história do Brasil. Nesse sentido, Oswald resgata textos do passado e os reescreve, transformando-os numa paródia, que restabelece os vínculos com a história , ao mesmo tempo que a critica. A linguagem é surpreendentemente coloquial, sintética, carregada de humor. O elemento visual é notório, assim como o dinamismo das imagens. As ilustrações que acompanham a edição original de Pau-Brasil são da autoria de Tarsila do Amaral, cujo traço rápido e ingênuo reflete o clima dos poemas.

Postes da Light é uma poesia visionária de São Paulo, na precoce descrição da grande metrópole, composta de "Arranha-céus/Fordes/Viadutos". É uma descrição urbana destituída de heróis, mas alimentada pela multidão, pelos novos artefatos tecnológicos e pela linguagem da propaganda.



IV- Poesias:



As meninas da gare



Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha

Pronominais



Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro



Canto do regresso à pátria



Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá



Minha tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra



Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá



Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo