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Ensinamos demais, aprendemos de menos

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[Hamilton José Werneck Mouta]

Em tom crítico o autor apresenta soluções construtivas, buscando a qualidade e a competência. A obra é fruto da experiência de magistério do primário ao 3º Grau. Sua visão ampla de nosso sistema educacional onde o discurso não se dissocia da prática pedagógica. Reflete sobre o exercício profissional em sala de aula sobre o resultado de sua vivência, experiência, como elemento da problemática relação aluno x professor x escola e domina essa linguagem, essa mudança de paradigmas. Educar é reagir e reformular a ação do educador. Para Werneck, 1995, p.14.

“Por ensinarmos e colocarmos os alunos debruçados sobre inúmeras inutilidades não há tempo para um aprofundamento qualitativo muito mais importante para o amadurecimento do indivíduo e muito mais promotor o equilíbrio do jovem na caminhada para a vida adulta.”.

Em nossas escolas se privilegia o conteúdo em função da utilidade desse conteúdo. Nossos Currículos defasados nos ensinam demais a cultura inútil de uma sociedade sem identidade própria, a mercê dos solavancos de um mundo extremamente mercadológico.  Contribuindo cada vez mais para uma distorção do processo ensino-aprendizagem. Devemos sair do ensino ufanista, getulista da Revolução de 64 e liberar para transformar esse sistema arcaico num ensino democrático, aberto aos questionamentos, reformulando os currículos para destruir esses valores medievalistas que insistem em impor a Educação Brasileira. Desenvolver a “leitura” e a “crítica da leitura” começando com uma sala de aula criativa. O Brasil precisa disso, não se deve ter medo das novidades. Segundo Werneck, 1995, p.19:

“Em suma, com educadores ainda medievais, com professores descrentes da existência da imprensa, será difícil levar a escola ao ‘avant premiere’ da informática e dos alunos à preparação para enfrentar o choque do presente e do futuro.”.

O choque com a educação dos achistas utópicos da escola teórica sem praticidade. Numa dubialidade entre a criticidade, ou a falta de criticidade que ocorrem em  muitas instituições consideradas tecnologicamente avançadas, ainda que não entendam bem as suas práticas em todos os sentidos. São meras reprodutoras sem sentido com toda a tecnologia diante delas.

É preciso uma escola inovadora para os diversos tipos de alunos, os que querem ingressar em uma faculdade – quer pública ou privada, aquele que só necessita concluir seus estudos para trabalhar, aquele que precisa da prática técnica para as indústrias e outros. Utopia ou a nova onda dos donos do mundo?!...As novas mídias, manipuladas pelos sistemas econômicos mundiais, forçam a educação nos países dependentes, para sua visão de inovação, cuidado!... Às vezes, não muito interessante. Werneck, 1995, p. 27, afirma:

“Uma escola pode, perfeitamente, lidar com uma clientela, que não queira ingressar numa faculdade e pode ter em seu meio o que desejariam ter esta oportunidade. Cabe às escolas ter competência e criatividade para atender às inspirações da clientela, caso contrário esta mesma clientela colocará a escola em xeque e debandará.”.

A escola criativa como prima a primeira infância pelo desenvolvimento da concentração do educando, seu raciocínio espacial, sua socialização e valorização do emocional para construir o processo ensino-aprendizagem.

É preciso investir em formação dos professores, com cursos intensivos. Melhorar a ideia do Livro Didático, acabar com o livro descartável que já vem pronto para ser construído pelo aluno com as respostas prontas das editoras que vem no livro do professor. Não amplia o aprendizado, não permeia bases pedagógicas com suas atividades padronizadas, prontas para o professor, aluno, diminuindo suas capacidades criadoras. É o livro da comodidade, diminui o tempo no processo de ensino e aprendizagem individualizados como algo separado. Werneck, 1995, p. 38:

“Na prática acredito que leis venham impedir o uso do livro descartável. Acredito sim, na ação eficiente das coordenações pedagógicas, impedindo a proliferação desses livros, porque uma escola para ser academicamente eficiente pode muito bem usar livros bons por longos anos e ter resultados de aprendizado efetivo.”.

O autor apresenta ainda suas experiências em Movimentos que visam à educação, apresenta como funcionam e seus papéis como co-educadores no processo de ensino-aprendizagem. Comenta ainda: os planos de ensino, a questão da recuperação, o conselho de classe a dependência, a reprovação e a indisciplina em sala de aula de aula. Para Ladir Ferreira Porto “Este livro, pela diversidade dos assuntos abordados, nos permite refletir sobre o processo ensino-aprendizagem, sobre o desafio da nossa tarefa, entendendo que ‘ensinar é apenas desafiar, adequada e gradualmente’”.

O título do livro “Ensinamos demais, aprendemos de menos” foi extraído pelo autor de uma expressão contida no livro “Mutações em Educação segundo McLuhan”, do Professor Lauro de Oliveira Lima, p.13, apud Werneck, 1995: “Quanto mais ‘eficiente’ o professor, mais débeis produz”... Como um estudioso da educação brasileira, Werneck nos deixa a seguinte mensagem: “É necessário que estejamos atentos para as verdades que, às vezes, nos assustam”.

MOUTA, Hamilton José Werneck. Ensinamos demais, aprendemos de menos. 1995. 9ª Edição. Petrópolis – RJ. Editora Vozes Ltda.

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