Colocadas muitas vezes como os alicerces de uma sociedade desenvolvida intelectualmente, educação e tecnologia, em teoria, deveriam andar lado a lado, propiciando cada vez mais formas de agregar a aprendizagem dos alunos aos meios de auxiliar os professores a passarem conteúdo e conhecimento.
No entanto, quando olhamos para o atual cenário da relação entre educação e tecnologia no Brasil, vemos muito mais perguntas do que respostas. Alguns pontos convergentes entre essas duas balizas não possuem nenhuma espécie de dúvida, como, por exemplo, a forma de educar crianças nativas da internet e tantos outros avanços tecnológicos.
Os jovens cada vez mais recebem um bombardeio de informações, coisa que não ocorria quando os professores que estão em sala de aula tinham a mesma idade de seus alunos. Com a popularização da informação, é possível imaginar que essa nova geração receba de outra maneira o que aprende.
E, quando esse professor, de forma tradicional, virado para o quadro negro com um giz na mão, tenta passar o conteúdo, há, inevitavelmente, o choque entre dois mundos distintos.
Eis que tocamos em outro ponto crucial. O professorado antigo é pressionado, acusado da tão famigerada “Tecnofobia”, ou medo de tecnologia. O mesmo professor possui em sala de aula entre 30 e 50 alunos, cada um com uma dinâmica diferente, fruto da acelerada percepção do mundo tecnológico, e deve conquistar a atenção de todos, utilizando somente uma ponta de giz branco, a lousa escura e o poder da retórica.
Não adianta culparmos a tecnologia gráfica avançada que os alunos estão cada vez mais utilizando, como os video games e celulares, nem os professores que ainda não se adaptaram, e muitas vezes fogem desse mundo. Existe um elo perdido nessa relação aluno, professor, ensino e tecnologia.
É preciso incentivar o professor a utilizar essas ferramentas, ensiná-lo a operá-las, e não simplesmente deixar que os alunos a dominem e os educadores fiquem ”obsoletos”em relação aos avanços tecnológicos. Em outras palavras, o governo precisa, além de dar a vara, ensinar a pescar.
Claro, há que existir um bom senso nessa relação. Não podemos levá-la a extremos, como o estado de Indiana, nos Estados Unidos, onde todos os alunos ganharão computadores para utilizar em sala de aula e não será mais obrigatório o ensino da letra cursiva.
O ato de manuscrever, comprovado cientificamente, ativa uma série de funções no cérebro humano, as quais desenvolvem a coordenação motora. É preciso haver uma mescla entre o tradicional método de ensinar e os avanços da tecnologia.
Para isso, cada vez mais são desenvolvidas as videoaulas. Com conteúdo dinâmico e qualidade gráfica suficiente para prender a atenção dos jovens tecnológicos, aliados ao conteúdo programático estruturado pelo professor, contam com questionários e um apelo educativo e high-tec ao mesmo tempo.
Esse é o “X” da questão. Aplicar um diferencial tecnológico em sala de aula, sem deixar de ser educativo, mantendo o aluno interessado e o professor com o controle, não só da sala de aula, mas também das ferramentas à disposição para levar conhecimento.
Nesse campo de tecnologia e educação há muito que se debater ainda, inclusive o aperfeiçoamento do conceito de videoaula. Deve-se trazer computação gráfica e conteúdo relevante para dentro da escola e da cabeça dos alunos. É a lousa se transformando em um monitor. Chegamos literalmente a era da lousa digital...
*Fabrício Argentieri é sócio-diretor da TSP, empresa focada em conteúdo educacional, licencia no Brasil a marca “Discovery Channel na Escola” e “Quem Ama Educa – com Dr Içami Tiba”.