Lamarck, naturalista francês, foi o primeiro a propor uma teoria sistemática da evolução. Sua teoria foi publicada em 1809, no livro Filosofia zoológica.
Ele dizia que formas de vida mais simples surgem a partir da matéria inanimada por geração espontânea e progridem a um estágio de maior complexidade e perfeição. Em sua teoria, Lamarck sustentou que a progressão dos organismos era guiada pelo meio ambiente: se o ambiente sofre modificações, os organismos procuram adaptar-se a ele.
Nesse processo de adaptação, um ou mais órgãos são mais usados do que outros. O uso ou o desuso dos diferentes órgãos alterariam características para as próximas gerações. Assim, ao longo do tempo os organismos se modificariam, podendo dar origem a novas espécies.
Segundo Lamarck, portanto, o princípio evolutivo estaria baseado em duas leis fundamentais:
Lei do uso ou desuso: No processo de adaptação ao meio, o uso de determinadas partes do corpo do organismo faz com que elas se desenvolvam e o desuso faz com que se atrofiem. Um dos exemplos mais conhecidos é o do pescoço da girafa. Segundo Lamarck, as girafas com pescoço comprido, eram descendentes de girafas ancestrais que provavelmente tinham pescoço curto, mas, com a necessidade de alcançar alimentos (folhagens das árvores), tinham que esticar o pescoço, e, com isso, o pescoço alongou-se. E essa característica adquirida foi transmitida aos seus descendentes, originando as atuais girafas de pescoço longo. Portanto, pelo uso e desuso da característica, e sua transmissão aos descendentes, ocorreu a evolução das espécies. E quando o organismo não necessita do órgão o mesmo se atrofia. A lei do uso e desuso ficou conhecida como a primeira lei de Lamarck.
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: A segunda lei supõe que as características adquiridas pelo uso (ou atrofiadas pelo desuso) são transmitidas de geração a geração; é a lei da transmissão dos caracteres adquiridos. Sabemos hoje que as variações entre indivíduos depende da informação genética e que somente essas informações e as mutações dos genes podem ser transmitidas a uma geração seguinte. O biólogo alemão Weissman (1868 a 1876) conseguiu refutar as Leis de Lamarck: cortou a cauda de ratos durante várias gerações, e os seus filhotes continuavam a nascer com cauda. Por esse experimento, Weissman provou que essa característica adquirida pelos ratos - ausência de cauda - não foi transmitida a outras gerações.
Na época, as ideias de Lamarck foram rejeitadas, não porque falavam na herança das características adquiridas, mas por falarem em evolução. Não se sabia nada sobre herança genética e acreditava-se que as espécies eram imutáveis. Somente muito mais tarde os cientistas puderam contestar a herança dos caracteres adquiridos. Uma pessoa que pratica atividade física terá musculatura mais desenvolvida, mas essa condição não é transmitida aos seus descendentes.
Mesmo estando enganado quanto às suas interpretações, Lamarck merece ser respeitado, pois for o primeiro cientista a questionar o fixismo e defender ideias sobre evolução. Ele introduziu também o concito da adaptação do organismo ao meio, muito importante para o entendimento da evolução.