Culturas indígenas: maias, astecas e incas
Antes da chegada dos europeus, desenvolveram-se no México, na América Central e na região dos Andes civilizações complexas, que nos deixaram importantes registros de seus conhecimentos astronômicos, matemáticos, agrícolas, além de obras arquitetônicas e artísticas de grande refinamento e beleza. No restante das Américas, como no território que hoje corresponde ao Brasil, existiam comunidades indígenas nômades ou seminômades, que viviam basicamente da caça, da pesca e do cultivo de algumas espécies agrícolas, e tinham um modo de vida muito integrado a natureza.
As diferentes ondas migratórias, espaçadas no tempo, que caracterizaram a ocupação das Américas por povos vindos provavelmente da Ásia e da Oceania, explicam, em parte, a grande diversidade cultural aqui encontrada pelos europeus, entre os povos pré-colombianos havia centenas de línguas e culturas bem diferenciadas.
Estima-se que, no final do século XV, viviam na América cerca de 50 milhões de pessoas. Elas estavam distribuídas em sociedades muito diversas entre si, do ponto de vista cultural, política, econômica e social.
Durante muito tempo, pensou-se que as sociedades americanas fossem predominantemente tribais, sem nenhuma forma de centralização política. De fato, a forma tribal de organização foi comum em muitas regiões, mas hoje se sabe que outras grandes civilizações se desenvolveram no continente americano muito antes da conquista europeia.
Essas civilizações apresentavam algumas características comuns: agricultura como principal atividade econômica, favorecida por técnicas de irrigação do solo; o domínio de técnicas aprimoradas de artesanato; atividades comerciais; práticas religiosas politeístas; forte tradição guerreira; conhecimentos matemáticos e de astronomia.
Maias
As cidades maias
A organização social dos maias
- A sociedade maia contava em cada cidade-estado com uma autoridade máxima de caráter hereditário, dita halach-uinic ou "homem de verdade";
- O halach-uinic designava os chfes de cada aldeia (bataboob), que desempenhavam funções civis, militares e religiosas;
- A suprema autoridade militar (nacom) era eleita a cada três anos;
- A nobreza maia incluía todos esses dignitários, além dos sacerdotes, guerreiros e comerciantes;
- A classe sacerdotal era muito poderosa, pois detinha o saber relativo à devolução das estrações e ao movimento dos astros, de importância fundamental para a vida econômica maia, baseada na agricultura;
- Os artesãos e camponeses contituíam a classe inferior (ah chembal uinicoob) e, além de se dedicarem ao trabalho agrícola e à construção de obras públicas, pagavam impostos às autoridades civis e religiosas;
- Na base da pirâmide social estava a classe escrava (pentacoob), integrada por prisioneiros de guerra ou infratores do direito comum, obrigados ao trabalho forçado até expirarem seus crimes.
Os ritos
Só podiam subir aos templos os sacerdotes, que formavam a classe mais culta. Os maias acreditavam descender de um totem e eram politeístas. A influência dos toltecas introduziu certas práticas cerimoniais sangrentas, pouco antes da decadência dos maias. Adoravam a natureza, em particular os animais, as plantas e as pedras. Cuidavam de seus mortos, colocando-os em urnas de cerâmica.
O calendário maia e a escrita
calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou então a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de Vênus e o ano solar (365, 242 dias).Inventaram um sistema de numeração com base 20 e tinham noção do número zero, ao qual atribuíram um símbolo. Os maias utilizavam uma escrita hieroglífica que ainda não foi totalmente decifrada.
A arte
A arte maia expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais construções — como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá — eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos. Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais coloridos dos palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos religiosos ou históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também realizavam representações teatrais em que participavam homens e mulheres com máscaras, representando animais.
Astecas
O Império Asteca
O Império ampliou seus limites ao máximo sob o reinado de Ahuízotl, que impôs sua soberania sobre Tehuantepec, Oaxaca e parte da Guatemala. Em 1519, sob o reinado de Montezuma II, houve o primeiro encontro com os conquistadores espanhóis.
A organização social dos astecas
- Havia o imperador, que também era o chefe do exército;
- Abaixo dele a sociedade era hierarquizada: sacerdotes e chefes militares compunham a elite da sociedade, seguidos pelos comerciantes e artesãos;
- Mais abaixo estava os camponeses e os trabalhadores urbanos;
- Exceto a elite, todos os astecas pagavam tributos ao imperador e podiam ser convocados a qualquer momento para trabalhos públicos;
- Os artesãos e comerciantes também exerciam um papel importante na sociedade;
- Havia também uma pequena classe de escravos: inimigos capturados em batalhas e que não eram mortos, mas serviam à administração militar e também auxiliavam nas obras públicas;
Os nobres
A religião
A religião asteca era politeísta, embora tivesse poucos deuses. Os principais eram vinculados ao ciclo solar e à atividade agrícola. O deus mais venerado era Quetzalcóatl, a serpente emplumada, criador do homem, protetor da vida e da fertilidade. Os sacerdotes eram um poderoso grupo social, encarregado de orientar a educação dos nobres, fazer previsões e dirigir as cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de sacrifícios. O derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais ou de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os deuses.
Incas
As fortalezas incas
Os edifícios incas se caracterizam pela monumentalidade e sobriedade. Suas cidades eram verdadeiras fortalezas, construídas com grandes muralhas de pedra. Os incas eram mestres em cortar e unir grandes blocos de pedra; a cidade-fortaleza de Machu Picchu é o exemplo mais espetacular dessa arte. Machu- Picchu foi descoberta em 1911, no topo de uma montanha de 2.400 m de altura, numa região inacessível da cordilheira dos Andes. Outras construções incas importantes ficam em Cuzco e Pisac. Cuzco, a capital do Império, tem uma rígida planificação urbana em forma quadriculada.
Formas de vida
O trabalho agrícola
A terra era propriedade do Inca (imperador) e repartida entre seus súditos. As terras reservadas ao Inca e aos sacerdotes eram cultivadas pelos camponeses, que recebiam também terras suficientes para subsistir. A agricultura era a base da economia inca; a ela se dedicavam os habitantes plebeus das aldeias. Baseava-se no cultivo de um cereal, o milho, e um tubérculo, a batata. As técnicas agrícolas eram rudimentares, já que desconheciam o arado. Para semear utilizava um bastão pontiagudo. Os campos eram irrigados por meio de um sistema formado por diques, canais e aquedutos. Utilizava-se como adubo o guano, esterco produzido pelas aves marinhas. Possuíam rebanhos imensos de lhamas e vicunhas, que lhes forneciam lã.
Cultura e religião
Povos Indígenas do Brasil
De acordo com a classificação linguística, os povos indígenas do Brasil se dividiam nos grupos tupi (ou tupi-guarani), jê, caraíba e aruaque, além de grupos menores. Diversos grupos indígenas ainda vivem hoje de forma parecida à que se vivia na época do “descobrimento" da América. Outros fazem esforços para preservar suas tradições e manter suas terras.
Os povos indígenas estão espalhados por todo território. A maioria vive em terras indígenas, ou seja, terras de uso exclusivo dos índios, demarcadas e reconhecidas pelo governo federal. De acordo com a Constituição de 1988, os índios têm o direito de viver nas terras que tradicionalmente ocuparam. Além disso, garante-se aos índios a posse permanente e o uso exclusivo das riquezas do solo, dos rios, e dos lagos neles existentes.
Muitas terras indígenas estão localizadas em áreas ricas em recursos naturais, como madeiras e minérios, despertando o interesse dos não índios. As invasões às terras indígenas e a exploração de seus recursos por não índios têm sido causa de inúmeros conflitos, muitas vezes resultando em mortes.
Antes da chegada dos portugueses, os povos indígenas do Brasil viviam em aldeias, consumiam para sobrevivência, ou seja, não acumulavam excedentes, havia trocas comerciais sem utilizavam de moedas, os bens eram coletivos e não havia diferenças sociais.
Os primeiros contatos dos europeus com os índios brasileiros foram feitos com os tupis, que habitavam toda a costa atlântica. As aldeias tupis localizavam-se em áreas bem servidas de água, madeira e caça. Cada aldeia tinha uma população que variava de 500 a 3 mil pessoas, distribuída em quatro a oito habitações. Cada moradia tinha um líder, chamado principal. As relações entre as aldeias variavam de tempos em tempos: os aliados de hoje podiam ser os inimigos de amanhã. Os povos não tupis eram chamados de tapuias.
Os povos indígenas eram guerreiros. Frenquentemente, as batalhas eram provocadas por rivalidades entre tribos, muitas vezes decorrentes de eventos ocorridos em gerações ancestrais. Antes e depois das principais batalhas, celebravam-se cerimônias, nas quais os guerreiros tatuavam várias partes do corpo. Nessas cerimônias, eles consumiam substâncias alucinógenas e invocavam os espíritos. O objetivo das guerras era capturar prisioneiros para vingar os antepassados, e não exterminar os povos inimigos ou ocupar territórios.
A “conquista” da América representou um dos maiores genocídios (assassinato em massa que leva à extinção ou quase de um determinado grupo étnico) registrados na história da humanidade. Milhões de índios morreram e diversos grupos desapareceram, vitimas principalmente de massacres, doenças trazidas pelos europeus e suicídios.
Referências:
Prof. Natania Nogueira;
Site <Ensinando história na Eseba>;
BOULOS Júnior, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 7.ano. São Paulo: FTD, 2009.(Coleção História: Sociedade & Cidadania).
BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. 2.ed.São Paulo: Moderna, 2006.
PROJETO ARARIBÁ: história/organizadora Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável Maria Raquel Apolinário. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2007.
Site <www.clickeducacao.com.br>